top of page

A lei de Zoneamento e os vetos do Ricardo Nunes

Foto do escritor: Carlos CapuchinhoCarlos Capuchinho
trecho do mapa de zoneamento de são paulo
Mapa Digital da Cidade de São Paulo - GeoSampa

No dia 19 de janeiro de 2024, o prefeito Ricardo Nunes sancionou a revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, mais conhecida como a Lei de Zoneamento, porém, com 58 trechos vetados do projeto aprovado na Câmara dos Vereadores.


Consequentemente, o texto retornou para a Câmara Municipal, que tem a prerrogativa de manter ou derrubar os vetos do prefeito. Segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, os vereadores devem analisar nas próximas semanas os vetos em questão.


Trata-se de uma discussão altamente controversa, havendo pressão para a liberação, ao menos, da permissão para aumento de gabarito nos chamados miolos dos bairros. Por outro lado, há setores que argumentam que isso seria contrário ao conceito do Plano Diretor.


Antes de prosseguirmos, é importante retroceder um pouco para entendermos como chegamos a esse ponto.


O processo de revisão da Lei de Zoneamento iniciou em 2017 e passou por diversas etapas e debates, incluindo ação de inconstitucionalidade movida pelo Ministério Público em determinado momento.


Após a conclusão da revisão do Plano Diretor Estratégico, foram realizados novos ajustes na Minuta do Projeto, visando compatibilizá-la com as alterações do PDE. Em outubro de 2023, finalmente, foi realizada uma Audiência Pública Devolutiva para apresentação à população da proposta de Projeto de Lei de Revisão Parcial do Zoneamento elaborada pelo Executivo.


Com pouco tempo para discussão, em 04 de outubro, o projeto de lei foi enviado para análise da Câmara Municipal.


Foram iniciados debates e audiências públicas no legislativo até sua aprovação, em primeiro turno, em 12 de dezembro de 2023. Após a aprovação, foram incluídos ao Projeto de Lei trechos extremamente polêmicos, até então não discutidos. Mesmo assim, o texto foi aprovado em segundo turno em 21 de dezembro de 2023 e posteriormente encaminhado para sanção do prefeito.


Em 19 de janeiro de 2024, o prefeito sancionou finalmente a Lei n.º 18.081, que dispõe sobre a revisão parcial do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, vetando 58 trechos, principalmente os mais polêmicos que foram incluídos entre o primeiro e o segundo turno da votação na Câmara.


Os principais vetos foram:

  • O que aumentaria a altura de prédios nas zonas mistas e de centralidade;

  • O que permitiria a construção de habitação de interesse social em áreas de proteção ambiental (ZEPAM)

  • O que permitia que os vereadores definissem o tombamento de imóveis na cidade, restringindo o poder do CONPRESP.


O veto que restringe a altura dos prédios nos chamados “miolos’ de bairro é o que mais desagrada ao mercado imobiliário.


Na proposta vetada, os prédios nas Zonas Mistas passariam a ter o gabarito de 42 metros (14 andares), em contrapartida, ao parâmetro atual de 28 metros (cerca de nove andares). Nas Zonas de Centralidade o gabarito passaria para 60 metros (cerca de 20 andares) no local dos atuais 48 metros.


Os novos dados do censo do IBGE, que indicaram que não houve, até o momento, um crescimento populacional próximo aos eixos de transporte, serviram de justificativa para o mercado imobiliário solicitar aos vereadores a derrubada do veto do Prefeito.


Zonas de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana — ZEU, possuem incentivo para maior verticalização e adensamento da cidade. No entanto, apesar da abundância de lançamentos que ocorreram nos últimos anos, o dado de que houve um pequeno decréscimo na população desta região trouxe um alerta sobre a eficácia do conceito do Plano Diretor.


Segundo o vice-presidente do Secovi, a escassez de terrenos disponíveis para incorporação nas ZEUs acaba por elevar o preço das habitações, tornando inviável para parte significativa da população e não permitindo o adensamento esperado. Desta forma, a liberação de um gabarito maior nas Zonas Mistas e Zonas de Centralidade ajudaria a equilibrar a demanda, aumentando a oferta de unidades.


O aumento do gabarito dos miolos dos bairros sofre forte oposição de entidades e especialistas em urbanismo por desvirtuar do conceito principal do Plano Diretor e esvaziar os PIU (Plano de Intervenção Urbana) que buscam direcionar o crescimento da cidade para lugares específicos.


O mapa abaixo ilustra a extensão do que está em discussão, visto que os três zoneamentos abrangem parte significativa do território da cidade.

 

mapa da cidade de são paulo
Fonte: Folha de S.Paulo

Além de todos esses problemas, estamos em ano de eleição para eleger o próximo prefeito e os novos vereadores, impossibilitando ignorar o que esta situação possa a vir influenciar o desenrolar das próximas semanas, quando finalmente deveremos ter uma resposta sobre a derrubada ou não dos vetos.


Esperamos que, no final, a cidade seja a grande beneficiada.


1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
wix_edited.jpg
9. Branco sobre transparência.png

Especialista em Legalização Imobiliária e Licenciamento.

carlos capuchinho ARQUITETURA LEGAL®

CNPJ: 54.323.812/0001-05

Avenida Paulista nº 1636 - Sala 1105 - Subconjunto 104 

Edifício Paulista Corporate - Bela Vista

São Paulo - SP

CEP: 01310-200

  • LinkedIn
  • Instagram
  • Whatsapp

CONTATO

FALE CONOSCO

Obrigado

  Todos os Direitos Reservados - Copyright © 2024 

bottom of page